domingo, 14 de novembro de 2010

(Fim de semana em Natal...) Só queira o que lhe toca a alma...




Em Natal-RN, numa noite diferente, divertida e interessantíssima que me deixou cheia de memórias, está música surgiu na coincidência do tempo, trazendo outras histórias antigas, as histórias desta noite, além das não tão antigas também, enchendo meu coração do que eu precisava sentir, liberando as vozes caladas... Em silêncio e discrição, chorei, ninguém viu, eu estava no banco da frente. Chorei por conhecer muito bem a letra da música dos Bee Gees- Wish you where here-Bee Gees - e sua tradução... 




Sim, era o que eu precisava para chorar um pouco, eu só tenho chorado poucos instantes, não sei o motivo, já que eu tenho facilidade para chorar muito, sentimental como sou, choro mesmo, mas neste caso, algo me nega o choro. Deve ser meu orgulho ferido que me faz me defender e reagir para ir aos poucos me libertando, sempre pensando que essa situação não merece uma lágrima minha...
O dono do carro nem sabia que minha alma dialogou em nuvens de espaços e silêncios meus e dos outros, apenas com seu MP3... É o poder da música, a habilidade de penetrar a alma e despertar sentidos ressentidos, revividos na fragilidade do tempo que escapa pouco a pouco de nossas vivências e consequentemente de nossa memória e sentimentos.


Vínhamos de uma festa cheia de luxo e gente bonita, gente interessante. Lugar e dia propícios para se permitir novas experiências. Música perfeita, a vida à nossa volta se mostrava receptiva e cheia de desejo por nós, ou no mínimo, curiosidade de saber quem éramos, caras novas em espaços fechados, claro que chama muita atenção. O interessante é no mínimo por nós desejado, e quando também nos deseja, é ainda melhor.
De repente, um olhar fixo, intenso, destes que dizem tudo... Um ser que estava ali mais a frente se aproxima e diz: “minha amiga colorida foi ao dance com as amigas, e achei o momento certo para conhecer você!” Fiquei surpresa... Era alguém que eu não esperava, alguém que olhei sim com um certo desejo, mas alguém que  parecia cheia de paixão pela pessoa com quem estava abraçada. Eu disse, que era um prazer sim conhecê-la, conversamos rapidamente, telefones trocados e estas coisas normais de uma apresentação rápida. Sua atitude chamou minha atenção demais. Sua companhia chega e somos apresentadas também... Elas se vão, mas sua intenções ficaram claras para a posteridade, uma posteridade que seria sim, possível para mim, mas não sei se tão breve quanto ela deseja.


Uma outra olhada e vejo  casais aos beijos. Tantos e tantos beijos que fiquei tonta só de imaginas, mas diante de um destes beijos, uma lembrança que me fez respirar fundo para extinguir uma memória que surgiu arrancando-me aqueles instantes em que o passado estava longe de minhas lembranças...  O casal tinha o nosso jeito de olhar, de beijar, de tocar, de sorrir e até de se falarem. Detalhes que eu não pude deixar de associar. -Ahhhhhhhhh!!!!! Droga! Quero não lembrar, quero paz! - Eu saí de perto e fui beber logo para ficar leve, e fiquei mesmo... Dancei, pensei que ia lembrar da festa que fui com você, a noite em que eu dancei tanto e cheia de felicidade dentro de mim por estar alí ao seu lado, me sentindo a mulher mais linda e mais feliz do mundo, mas não lembrei daquela noite não. Ao menos isso, não é? 


Natural observar as pessoas e o movimento dos locais. De repente, vejo uma pessoa, creio que um pouco mais velha do que eu, mas com um jeito bem conhecido, um jeito sério, meigo, de corpo cheinho, mas também de expressão delicada, discreto, mas de aparência forte... Seus cabelos curtos,porém repicados e quase ruivos não impediram de associar à sua imagem... Fiquei ali, encantada, e quando fui me aproximando, sua companheira chegou... Acho que notou que eu estava indo me apresentar a ela... Rs. Meia volta eu dei, rindo. Logo percebi que todas as pessoas por quem me atraí nesta noite tinham algo seu... Um cabelo, um olhar, um gesto, a altura, qualquer coisa sua... E só percebi ali que era por você que eu procurava... Mas entendo meu tempo, reagi bem a noite toda, vivi esta noite como pude... Com tudo de mim que podia vivê-la. Meus amigos têm sido muito importantes na conscientização da realidade, me dando força e me distraindo, sem eles, eu não teria saído de casa mesmo, ainda mais para tão longe.


G. trouxe alguém para eu conhecer. Uma garota alta, de corpo cheio, mas detalhado, pele morena clara, cabelos longos e negros como a noite, suavemente ondulados... Simpática e de olhar firme, parecia tão segura e livre, tão aberta, tão receptiva, desenrolada, de papo interessante,  e discretamente dando sinais de que também gostou ( e eu pensando que isso não seria possivel, que eu estava só imaginando). De repente, a música toca e ela gosta... Uma música que eu também gosto (Sem verso, nós quatro).
- “Vamos para perto do palco?” Ela me disse... E eu a acompanhei. Tinha um lugar na lateral do palco onde a visão estava perfeita... Entre uma conversa e outra, confesso que não sei o que poderia acontecer. Uma pessoa com um magnetismo tão forte não poderia ser evitada. Ela me tocou querendo um abraço ali, emocionada não sei se com a música ou com a visão da banda que ela também gosta... Eu a abracei sim, ela se aconchegou como quem subia suavemente a boca pelo pescoço ao encontro da boca... E eu lhe disse ao ouvido:  
-“Não queira que ninguém lhe toque apenas o corpo... Queira um contato profundo, cheio de significado e intenso... Só queira o toque que  lhe toque a alma. Eu não posso te dar isso, pois isso seria o melhor de mim e o melhor de mim, não está aqui agora, eu não gosto de dar pouco, gosto de dar-me por completo, você é linda e interessante demais, mas... Percebi que sou fiel a mim mesma e isto me faz ser fiel aos meus sentimentos, no momento eu não posso agora, quem sabe outro dia. Me desculpa.”

Ela entendeu, ficou conosco a noite toda, mesmo não tendo de mim o que esperava claramente, quis saber o que aconteceu comigo e eu lhe contei tudo,  além de ouvir sua história também. Confesso que isso foi admirável demais... Independente do que ela possa vir a querer, independente do que possa ou não vir a acontecer um dia, ou seja, independente de um dia terminarmos o que ela queria começar, encontrei uma amiga, sim, uma amiga nova trazida pelos meus amigos. A pessoa com as palavras certas para o momento que eu estava vivendo e com o abraço caloroso que eu precisava há dias. Entendeu que eu não irei contra os meus princípios, ficar com qualquer pessoa interessante só para mostrar para mim mesma e para os outros que eu estou bem que sou desejada e que vivo, que sou uma "Shane", personagem da série "L word" (que eu particularmente acho linda e perfeita demais em sua atuação e imagem, gosto até do seu comportamento afetivo,  rs...), sim, não serei nem sou mesmo a Shane que pega quem quer, mas não passa de instantes onde o instinto, o ego e o desejo são saciados, como prova de que tem seu  poder de sedução ativo. Não vou fazer isso por desgosto ou raiva de tudo o que aconteceu, isso seriam atos inferiores a tudo o que defendo: O amor sagrado que toca, responde, cala  e preenche a alma e não apenas o corpo. Ela natural e surpreendentemente entendeu isso... E se tornou algo realmente memorável neste fim de semana. Obrigada!!!


Depois da festa, de tantos olhares idos, vindos ou não vindos, fomos para um apartamento luxuoso em um bairro nobre da cidade. G. atrai os melhores partidos sempre, inclusive quando veio à minha cidade, RS... Ele tem um chama para a riqueza, kkkkk. Alí, naquela vista luxuosa, com tantas coisas e pessoas atraentes, eu me senti sozinha.  Achei até que estava em outro país.  Todos foram dormir ou se aninhar, mas sem sono, fiquei na varanda com meu amigo J., até o dia amanhecer, deitada numa rede linda, entre uma música e outra, tomando suco de laranja, comendo chocolate e maçã... Coisas que amo. Ele percebeu que eu estava distante, conversamos sobre tudo e de repente, o que eu não conseguia, se fez em mim: lágrimas, fortes, altas, suspiros profundos romperam o som da casa. Que raiva de mim mesma por não ter conseguido esquecer tudo, mas, que alívio por saber que o processo se inicia. Desejei ter raiva dessa história, desejei esquecer tudo, virar a página, fazer o mesmo que fiz com os anéis, jogar fora tudo, em resposta ao que pensei que fizeram com meus sentimentos lindos e sagrados. O amor ao avesso é orgulhoso e sempre pensa o pior para criar mecanismos de expulsão e defesa dos afetos  e memórias que precisam ir de nós. Mas, não, eu não preciso de ódio, eu só preciso me cuidar. 


Pensei em excluir meus espaços virtuais, deixar meu celular com J. até poder pegar de volta sem ficar ansiosa o tempo todo a espera de uma chamada, uma mensagem, coisas que eu estava acostumada. Mas aí, vi que as pessoas não merecem perder meu contato, nenhuma delas, nem mesmo você e eu é quem tenho que ser senhora de mim, de meus sentimentos, pensamentos  e atos... Eu é quem tenho que transformá-los, controlá-los... Não, eu posso viver com tudo o que um dia você fez parte também. É minha vida, é minha história, o orgulho não leva a nada. 


Um dia aprendemos que tudo passa e quando passa, algo novo chega! E também foi muito bom conversar com você ontem. 


Paz e renovação na sua vida e no seu caminho também!




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