quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diante de sombras e silêncios...(sobre este meu instante de ciúme)

 

Um dia, ouví uma parábola de sobre um monge tibetano que teria entrado para um mosteiro para se afastar de tudo o que o mundo lhe oferecia e se aproximar de Deus. Lá dentro, todas as coisas que ele não via continuavam em seus pensamentos, em suas vontades e lembranças não de modo distante, mas bem perto, bem forte, bem real, como se estivessem alí ainda presentes.

Seu mestre lhe chamou e disse que podemos fugir do mundo, mas carregá-lo dentro de nós. Nisso, Jesus avisou também que onde está o teu coração, aí está o teu tesouro. Tudo aquilo que amamos é o nosso tesouro, é o que desejamos mais, é o que move nossos atos de algum modo. É o que rouba nossos pensamentos, mesmo que seja por um segundo, mas rouba e não adianta se distrair com outras coisas, pois, de algum modo, voltaremos a buscar o que evitamos, quer seja evitado por orgulho, ego,desgosto, seja o que for. Quando estivermos sós, aquilo que abandonomos (mas queriamos) vai voltar, não ao nosso espaço físico, mas dentro de nós, e nós buscaremos nossas memórias e tudo mais o que for possivel para ver nosso desejo antigo. Aquilo que queremos de verdade será buscado, e se é algo que já nos feriu o ego, quando pegos de surpresa, daremos justificativas diversas e até tolas para a busca, isso, incosnciente ou coscientemente, mas, daremos.

Sombras! Não aprendi a viver com elas. Com as minhas, eu sei lidar, mas com as dos outros, ainda não. Não controlo, não vejo quando elas são buscadas... Coração é uma coisa estranha, não é terra para que pisemos firmes, e sim, nuvem, que voa e devemos voar junto ou ao menos tentar voar junto. Vou tentar! Eu tenho que tentar.

Tenho ciúmes não de sombras de memórias, sombras distantes, mas de sombras presentes que sempre voltam, e não importa se o silêncio vai encobrir as buscas, eu não sei se as sombras serão buscadas, se terão atenção de modo secreto, se amarás suas sombras tanto quanto a mim. As sombras podem estar longe dos olhos, mas de algum modo, perto dos atos, palavras, vontades, curiosidades e pensamentos...

Mas elas também tem sua utilidade: eu só sei o quanto amo, quando vejo minha saudade e meus ciúmes, destes que me faz chorar horas e horas, chorar uma madrugada e ver o dia raiar, destes de enxarcar não só minha alma, mas o que me utilizar para secar as lágrimas também. Minha relação com o ciúme e com a saudade são como termômetros que indicam o quanto quero bem, o quanto amo!

Descobri que eu amo demais, amo de um modo tão forte que toma toda a minha alma e a menor coisa que sei do outro ou que o outro faça, se torna enorme nas lentes desse tal amor...São bobagens, mas, ficam enormes, é que o medo de não ser suficiente para o outro me decepa a serenidade, me rouba o sono e me traz o choro forte que deve ser vivido em silêncio para não acordar os demais, para não ser visto e questionado, choro que adentra a madrugada...

Deus, dai serenidade aos que de algum modo entraram em estado de ciúme, quer tenham motivos, semi-motivos ou não tenham! Dai equilibrio, dai confiança... A insegurança indica sinais de alarme pra o medo real ou imaginado ou no mínimo,o medo possivel... Pode ser uma percepção, uma intuição ou só uma imaginação diante de sinais que juntamos mentalmente ou que se mostram, por menores que sejam. É preciso viver o hoje, dizia Teresa de Lisieux (Santa): "Minha vida é fulgás, brevissímo segundo, instante que me foge. Para amar-te (...) saber que neste mundo, só tenho hoje, somente hoje! (...) Se no amanhã pensar, temo minha inconstância, sinto em meu coração nascer tédio e dor. Mas quero sim a prova (...) sem repúdio(...)".

Que me venha a prova de cada dia, eu quero ultrapassá-la, ver se minha força é pequena ou enorme, mas ver, saber, me conhecer mais. E a cada prova, ver se me tornei alguém melhor, se me superei, se aprendi a ser eu, a conviver com as sombras dos outros, as sombras do eu, as sombras do passado alheio ou pessoal.

Me desculpe se não gostou de ler isso, de ver isso, de saber disso, mas é o meu hoje! Sou eu hoje, e o hoje o que é, se não, um brevíssimo segundo? O hoje, logo passará, e amanhã chegará e será hoje, será logo mais... Um logo mais onde as sombras terão ido embora totalmente, minhas sombras e as dos outros que temo tanto, temo mais, muito mais... Temo agora, temo hoje, temí ontem... São imagens fortes e doloridas dentro de mim, doloridas porque não sei se serão superadas individualmente por nós...

Digo "por nós, pois, as sombras neste caso não são minhas e podem continuar dentro de você, sendo buscadas de algum modo, quer seja por indicação de alguém, quer seja por vontade secreta, por menor que seja... E digo por mim, porque não sei conviver com um amor que ainda não é livre, pois ao amor verdadeiro é livre, torna as melhores memórias do passado algo digno de lembrança, mas, lembranças distantes... Apenas lembranças pelo respeito à própria história, apenas isso...Assim como torna distantes as piores memórias... Distantes, não buscadas de modo algum...

Vamos viver o hoje! Sim, vamos! Eu estou disposta, mas hoje, estou sensível, uma madrugada sem dormir, pensando sobre tudo e sentindo tudo isso dentro de mim. Então, esse é o meu hoje, aceito os espinhos da rosa, e todo o que ama, sabe que tem espinhos também, espinhos que vem com a rosa que nós mesmos somos e que vem também com a rosa que o outro é. E eu tenho que aceitar o espinho-sombra de sua rosa também.

Neste mundo, só tenho hoje, somente hoje! É o meu hoje, meu bem, perdoe-me!

***(Sombras aqui simbolizam o passado, o que não vejo direta e claramente, aquilo guardado dentro de alguém, o secreto... Amor, sabes que neste dia, senti muito ciúme do seu passado que teimava em te rodear, mesmo eu sabendo o quanto me amas, me senti insegura demais... Me perdoe, meu amor, graças a Deus, este dia já passou e tudo é coisa que apenas eu temo, eu crio mentalmente, coisas de quem ama, coisas de quem tem medo de perder...coisas de uma personalidade insegura como a minha, diante de um passado seu ainda próximo do presente, o medo daquilo que não faz tanto tempo que aconteceu na tua vida ainda ser presente dentro de você...Mas, foi só um medo, um sentimento, uma preocupação, como eu te disse, uma insegurança minha...Te amo!)

23-09-2010

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